Malte na Panificação: Ele Melhora a Cor, o Sabor e a Fermentação do Pão
A panificação artesanal é uma ciência e uma arte que exige conhecimento profundo sobre os ingredientes e processos envolvidos. Entre os elementos que podem melhorar significativamente a qualidade dos pães artesanais, o malte se destaca como um dos mais importantes. Esse ingrediente pode influenciar diretamente a cor, o sabor e a fermentação do pão, proporcionando resultados superiores tanto para padeiros amadores quanto profissionais.
Neste artigo, exploraremos detalhadamente o papel do malte na panificação, os diferentes tipos de malte, como ele age na massa e de que forma pode ser utilizado para obter pães de qualidade excepcional.
O Que é o Malte e Como Ele é Produzido?
O malte é um ingrediente derivado da germinação controlada de grãos de cereais, sendo a cevada a mais comumente utilizada. O processo de malteagem consiste em três etapas principais:
- Umedecimento e Germinação: Os grãos são imersos em água para estimular a germinação, momento em que enzimas naturais são ativadas para converter o amido armazenado em açúcares simples.
- Secagem e Torra: A germinação é interrompida por meio de secagem, que pode ser feita a diferentes temperaturas para influenciar o sabor e a cor do malte.
- Moagem ou Processamento: O malte seco pode ser moído em pó ou transformado em extrato líquido, dependendo da aplicação desejada.
O resultado é um ingrediente rico em enzimas e açúcares fermentáveis, ideal para melhorar a panificação.
Importância da Cevada na Produção do Malte
A cevada é o grão mais utilizado para a produção de malte devido ao seu alto teor de amido e à presença de enzimas essenciais para a conversão de carboidratos. No entanto, outros cereais como trigo, centeio e sorgo também podem ser maltados, oferecendo variações de sabor e propriedades técnicas na panificação.
Tipos de Malte e Suas Características

Existem dois principais tipos de malte utilizados na panificação:
- Malte Diastático: Contém enzimas ativas, especialmente amilases, que ajudam a converter o amido da farinha em açúcares mais simples. Esses açúcares alimentam as leveduras, melhorando a fermentação e contribuindo para um crescimento mais uniforme da massa.
- Malte Não Diastático: Passa por um processo de torra mais intensa, o que desativa as enzimas. Sua principal função é conferir sabor e cor ao pão, adicionando notas de caramelo, mel e tostado.
Diferença entre Malte Claro e Malte Escuro
Além da classificação diastática e não diastática, os maltes também variam em termos de coloração, dependendo do grau de torra:
- Malte Claro: Possui sabor mais neutro e alto teor enzimático, sendo ideal para fermentação.
- Malte Escuro: Tem sabor intenso, com notas caramelizadas e tostadas, mas menos atividade enzimática.
Cada tipo de malte tem uma função específica e deve ser usado corretamente para maximizar os benefícios.
O Malte Melhora a Cor do Pão?
A cor do pão é um dos primeiros atributos percebidos pelos consumidores e é influenciada diretamente pela reação de Maillard. Essa reação ocorre quando os açúcares e proteínas da massa interagem sob altas temperaturas, formando compostos que conferem coloração e sabor característicos.
Reação de Maillard e a Influência do Malte
A reação de Maillard é essencial para a formação da crosta dourada e saborosa do pão. O malte, especialmente o não diastático, adiciona açúcares extras que aceleram essa reação, resultando em:
- Crosta mais brilhante e caramelizada;
- Tonalidade mais intensa, variando de dourado a marrom escuro;
- Melhor aroma tostado e atrativo.
O malte não diastático é particularmente eficaz para realçar a coloração do pão, já que seu processo de torra acentua os pigmentos naturais.
O Papel do Malte na Intensificação do Sabor
O sabor do pão é influenciado por diversos fatores, incluindo a fermentação e os ingredientes utilizados. O malte adiciona complexidade ao perfil sensorial do pão, proporcionando notas de:
- Mel e caramelo;
- Frutas secas e nozes;
- Leve dulçor natural;
- Umami sutil, reforçando o sabor global do pão.
Malte e a Formação de Sabores Durante a Fermentação
Durante a fermentação, os açúcares provenientes do malte servem como fonte de alimento para as leveduras, gerando compostos aromáticos que enriquecem o sabor final do pão. Além disso, o malte não diastático, devido ao seu perfil tostado, pode conferir camadas extras de sabor, tornando o pão mais interessante e complexo.
O Impacto do Malte na Fermentação do Pão
A fermentação é um dos processos mais importantes na panificação artesanal. O malte diastático melhora significativamente esse processo, pois suas enzimas auxiliam na quebra do amido da farinha em açúcares fermentáveis. Isso resulta em:
- Fermentação mais rápida e consistente;
- Melhor desenvolvimento da estrutura do miolo;
- Massa mais aerada e leve;
- Maior retenção de umidade, prolongando a maciez do pão.
Equilíbrio entre Malte e Fermentação
Se a quantidade de malte for excessiva, a fermentação pode se tornar descontrolada, resultando em uma massa pegajosa e colapsada. O equilíbrio na dosagem é essencial para garantir que o malte potencialize o processo sem causar efeitos adversos.
Utilize o Malte na Panificação Artesanal
A aplicação do malte depende do tipo e da quantidade utilizada:
- Malte Diastático: Deve ser adicionado em pequenas quantidades (0,5 a 2% sobre o peso da farinha), pois um excesso pode resultar em massa excessivamente pegajosa e colapsada.
- Malte Não Diastático: Pode ser incorporado em quantidades maiores, geralmente até 5% do peso da farinha, para melhorar sabor e coloração.
Métodos de Adição do Malte
O malte pode ser adicionado diretamente à farinha ou dissolvido na água da receita. Algumas técnicas avançadas incluem a pré-hidratação do malte para extrair melhor suas propriedades.
A dosagem adequada é essencial para equilibrar os benefícios sem comprometer a estrutura do pão.
Tipos de Malte na Panificação e Escolha o Melhor para Cada Pão
O malte pode ser encontrado em diversas formas, cada uma com características específicas que afetam cor, sabor e fermentação. Escolher o malte certo é essencial para garantir que o pão tenha o perfil desejado, seja ele mais leve e aerado ou escuro e denso.
Nesta seção, vamos analisar os principais tipos de malte utilizados na panificação, suas diferenças e como aplicá-los corretamente.
Malte Diastático vs. Malte Não Diastático
Os maltes podem ser classificados em diastáticos e não diastáticos, dependendo da presença ou não de enzimas ativas. Essa distinção é essencial, pois influencia diretamente a fermentação e a textura do pão.
Malte Diastático: O Impulsionador da Fermentação
✅ O que é?
O malte diastático é um tipo de malte que mantém enzimas ativas, especialmente a amilase, que converte amidos em açúcares fermentáveis.
✅ Benefícios:
- Aumenta a atividade das leveduras, acelerando a fermentação.
- Melhora a retenção de gás na massa, resultando em um pão mais volumoso.
- Ajuda a evitar massas secas e pães duros, pois promove maior hidratação.
✅ Melhor aplicação:
✔️ Ideal para pães de fermentação longa (sourdough, ciabatta, baguetes rústicas).
✔️ Recomendado quando se usa farinhas com baixa atividade enzimática, como farinhas muito refinadas.
📌 Dica prática:
Se sua receita tem um tempo de fermentação superior a 12 horas, o malte diastático ajudará a manter a atividade das leveduras e evitar uma fermentação lenta ou irregular.
Malte Não Diastático: Sabor e Cor Intensos
✅ O que é?
O malte não diastático passa por um processo de aquecimento que desativa as enzimas, mantendo apenas os açúcares naturais e compostos aromáticos.
✅ Benefícios:
- Intensifica o sabor, adicionando notas caramelizadas e tostadas.
- Melhora a coloração da crosta, dando ao pão um tom dourado ou marrom intenso.
- Enriquece o perfil aromático sem afetar significativamente a fermentação.
✅ Melhor aplicação:
✔️ Ótimo para pães escuros (pumpernickel, centeio, pão maltado).
✔️ Indicado para quem deseja realçar a cor sem modificar a fermentação.
📌 Dica prática:
Se você quer apenas um realce na cor e no sabor sem interferir na fermentação, escolha o malte não diastático. Ele é perfeito para adicionar um toque de profundidade ao pão.
Tipos de Malte de Acordo com a Cor e o Processo de Secagem

Além da divisão entre diastático e não diastático, o malte pode variar conforme o tempo e a temperatura de secagem, resultando em cores e sabores diferentes.
Malte Claro (Light Malt)
✅ Características:
- Cor bege a dourado claro.
- Sabor levemente adocicado e maltado.
- Contém alta atividade enzimática (se for diastático).
✅ Melhor aplicação:
✔️ Ideal para pães de trigo branco, pães rústicos e pães de longa fermentação.
✔️ Usado para melhorar a atividade das leveduras sem alterar drasticamente o sabor.
📌 Dica:
Se você deseja melhorar a fermentação sem impactar muito a coloração e o sabor, use malte claro diastático em pequenas quantidades (0,5% a 1% da farinha).
Malte Médio (Amber Malt)
✅ Características:
- Cor âmbar ou caramelo.
- Sabor mais encorpado, com notas tostadas e de nozes.
- Pode ser diastático ou não diastático.
✅ Melhor aplicação:
✔️ Excelente para pães sem integrais, pães maltados e receitas que pedem mais profundidade de sabor.
✔️ Se diastático, melhora a fermentação e a estrutura do miolo.
📌 Dica:
Para um pão com um toque caramelizado sem exagero, use malte médio não diastático na proporção de 1% a 3% do peso da farinha.
Malte Escuro (Dark Malt ou Black Malt)
✅ Características:
- Cor marrom escuro a quase preta.
- Sabor intenso de café, cacau e caramelo queimado.
- Sempre não diastático, pois é submetido a altas temperaturas.
✅ Melhor aplicação:
✔️ Perfeito para pães de centeio, pumpernickel e receitas que pedem sabores marcantes.
✔️ Usado para escurecer a crosta e realçar notas tostadas.
📌 Dica:
Use com moderação (0,5% a 2% do peso da farinha), pois o sabor pode dominar a receita.
Conclusão
O malte é um ingrediente versátil e poderoso na panificação, capaz de transformar a cor, o sabor e a fermentação do pão.
🔹 Se precisar melhorar a fermentação: Use malte diastático.
🔹 Se quiser intensificar a cor e o sabor: Opte por malte não diastático.
🔹 Para pães mais claros e delicados: Escolha malte claro.
🔹 Para pães com notas caramelizadas: Prefira malte médio.
🔹 Para pães escuros e encorpados: Use malte escuro com moderação.
Ao entender as diferenças entre os tipos de malte, você pode ajustar suas receitas para obter o pão perfeito, com sabor equilibrado, textura macia e uma fermentação controlada.